São Paulo: Muito além de uma selva de pedra

Uma vez li uma frase de um escritor inglês chamado Aldous Huxley que dizia que viajar é descobrir que todo mundo estava errado sobre os outros países. Nesse caso, não estou falando de um outro país, mas de uma capital no meu próprio país.

Eu tinha uma visão distorcida sobre São Paulo. Por muito tempo acreditei que a cidade não era mais do que aquela tão referida selva de pedra, com muitos prédios altos e cinzas, trânsito caótico, uma correria entre as pessoas. Sempre que eu avistava a cidade, do alto do avião, observava aquela quantidade enorme de nuvens e prédios cinzas, que de nada me chamavam a atenção. Eu pensava que era um destino que eu não conheceria – pelo menos não tão cedo.

Bom, essa era a minha visão, até eu ter a oportunidade de conhecê-la pessoalmente. Não tenho como dizer que São Paulo não tem as características que mencionei acima, mas, também, há muita natureza dentro dela, com seus parques e bairros com ruas rodeadas de árvores, muita cultura e cor. A capital paulista tem muito a oferecer e opções para todos os gostos e estilos de viajantes.

Gostei tanto de conhecer Sampa, que esse ano voltei para aproveitar um pouco mais. E quer saber o porquê São Paulo me encantou? Vou tentar mostrar um pouquinho aqui, com algumas sugestões de passeios que você pode fazer em um fim de semana por lá.

Prédio da Pinacoteca no Parque Jardim da Luz

Mercado Municipal de São Paulo

O Mercadão, como é popularmente conhecido, é um dos mais tradicionais pontos turísticos e gastronômicos da capital paulista. Localizado no centro histórico, o prédio, construído em 1933, chama a atenção com os seus vitrais, executados pelo artista russo Conrado Sorgenicht Filho, que retratam cenas do cotidiano, da vida no campo e das plantações de café.

Para quem aprecia conhecer a culinária típica local, poderá provar o famoso sanduíche de mortadela e o pastelão de bacalhau. Além de experimentar uma variedade de frutas exóticas deliciosas, escolher temperos, queijos, peixes, grãos, entre outros.

Mas não pense que você vai encontrar melhor preço no Mercadão. Os preços não são muito convidativos. Entretanto, a experiência de conhecê-lo vale muito a pena e pode até mexer com a sua imaginação – Foi o que aconteceu comigo na minha primeira visita ao Mercadão. Quer saber um pouco mais? Eu contei nesse post aqui.

A deliciosa mistura de tâmaras com morangos (1). A variedade de frutas do Mercadão (2). Vista do interior do Mercadão om os vitrais (3).

Pinacoteca do Estado de São Paulo e Parque Jardim da Luz

Também conhecida como Pina_, é um dos mais importantes museus de arte do Brasil e, também, o mais antigo museu de arte da cidade de São Paulo, fundado em 1905. A construção já encanta com a beleza de sua arquitetura, na fachada e no seu interior, unindo o rústico e o moderno, em meio às obras de arte.

O acervo do museu conta com quase 10 mil obras com ênfase na arte brasileira. Há muito o que fazer por lá, desde apreciar as obras permanentes e as exposições temporárias até curtir bons momentos no café, que tem uma área externa que é uma delícia. Por isso, reserve tempo para conhecer a Pina.

E falando em área externa, ao sair de sua visita à Pinacoteca, não deixe de dar uma voltinha para conhecer o Parque Jardim da Luz. Nele, há também diversas esculturas de artistas nacionais e internacionais expostas pelo caminho, fontes e muito verde. O local foi revitalizado e conta com policiamento, a fim de oferecer maior segurança aos visitantes.

Obra no interior da Pinacoteca (1). Fachada do prédio da Pinacoteca (2).

Liberdade

Quem disse que precisamos sair do país para conhecer outras culturas? O bairro da Liberdade é conhecido por abrigar a maior comunidade japonesa do mundo fora do Japão e, dessa forma, permite experienciar a cultura japonesa em São Paulo.

O bairro começa a chamar a atenção pela arquitetura característica nas ruas, nas fechadas das lojas, nas artes pelas calçadas, passando pela gastronomia, com diversos restaurantes japoneses, mercados e empórios com produtos vindos do Japão – para quem ama comida como eu, é de enlouquecer rsrsrs.

Além disso, há museus que retratam a cultura japonesa na região, um jardim oriental e prédios históricos que contam sobre a origem do lugar – e a origem do bairro é africana, sabiam? Somente mais tarde é que os japoneses acabaram vindo para o local.

Também acontece uma feira aos finais de semana com diversos produtos japoneses, decoração, comidas típicas e apresentações artísticas.

Jardim Oriental (1). Tempurá, umas das comidas típicas encontradas na Feira da Liberdade (2). Grafite pelas ruas da Liberdade (3).

Beco do Batman

Localizado na Vila Madalena, entre as ruas Gonçalo Afonso e Medeiros de Albuquerque, é um local que reúne duas ruas que foram fechadas e que somente circulam pedestres e ciclistas por ali. As paredes das ruas são todas grafitadas e, de tempos em tempos, os grafites são renovados, modificando também o clima da região. Por isso, cada visita a São Paulo merece uma passadinha por lá.

Algumas das artes são bem interessantes, com conteúdos que levam a pensar em situações do cotidiano e fazer algumas reflexões sobre a vida. Também há diversos artistas que expõem seus trabalhos e realizam apresentações no local, além de espaços com galerias de arte, restaurantes e bares. O local é ótimo para caminhar com um pouco mais de tranquilidade.

Grafite no Beco do Batman (1). Exposição em uma das galerias localizadas no Beco do Batman (2).

Parque Ibirapuera

Considerado o parque mais frequentado da América Latina, conta com áreas verdes, jardins, lagos, museus, monumentos e diversas atrações artísticas. Também oferece serviço de aluguel de bicicletas e há, no parque, uma ciclofaixa para facilitar as pedaladas. Um ótimo lugar para encontrar os amigos, praticar esportes, relaxar, ou seja, para agradar os gostos mais diversos. O parque é lindo e um dia inteiro é pouco para conhecê-lo em toda a sua essência, por isso, é um local que você vai querer voltar.

Bosque de Bambus no Parque Ibirapuera (1). Vista do parque, um ótimo lugar para relaxar (2).

Parque do Carmo

Localizado na zona leste de São Paulo, o Parque do Carmo é o segundo maior da capital paulista. Por lá, há um bosque com mais de 4 mil cerejeiras, sendo considerado o maior bosque de cerejeira das Américas.

Na época da florada, que geralmente ocorre entre os meses de julho e agosto, o parque sedia a Festa das Cerejeiras e são realizadas diversas atividades relacionadas à cultura japonesa. Aqui no blog, tem um post da visita que fiz à Festa das Cerejeiras, na primeira vez que estive em São Paulo. Confiram mais detalhes sobre a festa e sobre o parque nesse post.

Cerejeiras em flor no Parque do Carmo.

Avenida Paulista 

Aos domingos e feriados, das 8 às 16 horas, a Avenida fica fechada para veículos e aberta para pedestres, que podem aproveitar para dar uma caminhada, pegar um sol, se reunir com os amigos. A Avenida também se enche de artistas e conta com uma feirinha de rua.

Ao longo da Avenida, há museus que você poderá visitar como o MASP e a Japan House, o espaço poético da Casa das Rosas, além de estabelecimentos como cafés, bares e restaurantes. Há programação para um dia inteirinho curtindo as diversas opções que a Avenida Paulista oferece.

Na Avenida Paulista: Fachada da Japan House (1); Ceviche no Restaurante Aizomê (2); Exposição temporária na Japan House (3).

Terraço Itália 

A dica "de milhões" que recebi de um paulista – dicas de moradores sempre são as melhores! O Terraço Itália foi um lugar que amei conhecer, com uma gastronomia excelente, música de qualidade e uma vista encantadora de São Paulo. Localizado no 41º andar do Edifício Itália, possui 04 espaços diferenciados com restaurantes e bar.

Estive no Bar do Terraço. O ambiente é mais descontraído do que os demais espaços, contando com diversas opções de drinques e um cardápio com porções e pratos individuais. Tanto o prato que escolhi, quanto a sobremesa e o drinque estavam divinos. O encanto se completa com a vista da cidade de São Paulo à noite, com seus prédios e ruas iluminados. Ótima opção para um encontro a dois ou mesmo para curtir com os amigos.   

A sobremesa escolhida - estava maravilhosa! E a vista da cidade de São Paulo, a partir do Terraço Itália.

São Paulo é uma cidade que se transforma, do cinza dos grandes prédios ao colorido dos grafites pelas ruas da cidade, da intensidade do trânsito à tranquilidade dos bons momentos nos parques, das sirenes dos carros de polícia às conversas simpáticas da população local. E nesse processo de transformação, São Paulo foi a prova de que viajar permite deixar de lado os pré-julgamentos e perceber que não há nada melhor do que a descoberta de um lugar a partir dos próprios olhos e do próprio sentir.

É, todo mundo estava errado! E meu coração, quando escolheu São Paulo pela primeira vez – e quando me fez retornar uma segunda vez, fez também eu me surpreender com o que encontrei – não somente a cidade, os locais visitados e as experiências vivenciadas, mas principalmente as mudanças internas – na minha própria concepção sobre o lugar e na percepção de abertura às novas experiências. É por isso que eu amo tudo o que uma viagem proporciona!