Um retorno à infância no Mercado Público de São Paulo
Há experiências vividas no presente, que remetem a
algum fato do passado, trazem lembranças, memórias à tona... E as viagens podem
fazer emergir algumas delas, dependendo do lugar visitado, da situação
vivenciada. Você lembra de alguma experiência obtida em viagem que fez
relembrar a sua infância? Aproveitando as comemorações do Dia das Crianças, vou
contar sobre uma experiência que tive em São Paulo e que me fez retornar àquela
época.
Era a primeira vez que eu visitava o Mercado Público de São
Paulo. Depois de almoçar o famoso sanduíche de mortadela, apreciando as belezas
arquitetônicas do local, desci as escadas para fazer algumas compras nas bancas
do piso inferior, quando me deparei com uma variedade de frutas exóticas. Muitas bancas do Mercadão, como ele é conhecido, vendem frutas de diferentes
regiões do Brasil e do exterior.
Ao mesmo tempo em que a minha visão era
aguçada por tantas cores e formatos, também a minha curiosidade era despertada
ao imaginar que gosto teria cada uma delas... Então, me deparei com as tâmaras
de Israel.
Nossa! Foi como se eu voltasse no tempo! Por uma fração de segundos,
um filme rodou em minha cabeça e lembrei da cena de uma animação infantil que
eu adorava assistir na infância. Nela, um vendedor, em um mercado de rua do
Oriente Médio, oferecia tâmaras aos visitantes: Tâmaras, tâmaras e figos,
tâmaras e pistaches... – dizia ele, com a voz cantada.
Eu ainda não havia experimentado tâmaras e a possibilidade
de, enfim, prová-las me deixava eufórica. O vendedor da banca de São Paulo que,
na minha imaginação, já se confundia com o vendedor do filme, observando-me
parada ali em frente, logo me ofereceu uma delas para provar.
Sem hesitar, peguei uma das tâmaras nas mãos. Observei a cor
acastanhada, senti entre os dedos a textura, o cheiro adocicado e, então, ao
experimentá-la: Cuidado que tem caroço! – disse o vendedor. E, com
todo cuidado, dei uma pequena mordida... Que delícia! Aquela fruta era tão doce
que mais parecia uma sobremesa... Naquele mesmo instante, foi como se eu
tivesse voltado à infância e estivesse tendo a oportunidade de experimentar as
tâmaras que, naquela animação, aquele vendedor tinha em sua cesta... como se eu
estivesse fazendo parte daquele filme. Quando eu era criança, lembro de ter o estranho
desejo de me tornar um desenho animado... acho que consegui naquele momento,
rsrsrsrs.
As viagens sempre trazem a descoberta de coisas novas e, na
minha opinião, as experiências gustativas não podem ficar de fora. Conhecer a
culinária que há em cada região, provar ingredientes, temperos, descobrir sabores
e aromas, perceber as sensações que essas experiências despertam, ir além do
visual. Ao descobrir o gosto das tâmaras, senti, também, uma grande satisfação,
era como se eu tivesse realizado um sonho de infância.
Tomada por essa sensação e movida pelos sentimentos despertados,
continuei a experimentar outras frutas, com seus mais variados tamanhos,
formatos, cheiros, cores, sabores... Toda a experiência já se mostrava como se
fizesse parte de uma brincadeira.
Começava observando o seu aspecto exterior, sentia a sua textura – algumas lisas, outras mais ásperas... e, então, ia descobrindo-as por dentro, o que, muitas vezes, revelava uma bela surpresa. Não poderia imaginar o que algumas delas escondiam em seu interior, como o mangostin ou fruta da rainha que, por trás da casca grossa, tinha uma polpa branca, doce, em formato de pétalas... ou o rambutan, que, por trás de sua aparência espinhosa, possuía uma polpa redondinha, suculenta, com um gosto suave... ou mesmo aquela espécie de maracujá tão doce e tão diferente do nosso maracujá comum... Cada fruta provada mostrava algo diferente, muitas vezes, difícil de imaginar somente olhando por fora.
Começava observando o seu aspecto exterior, sentia a sua textura – algumas lisas, outras mais ásperas... e, então, ia descobrindo-as por dentro, o que, muitas vezes, revelava uma bela surpresa. Não poderia imaginar o que algumas delas escondiam em seu interior, como o mangostin ou fruta da rainha que, por trás da casca grossa, tinha uma polpa branca, doce, em formato de pétalas... ou o rambutan, que, por trás de sua aparência espinhosa, possuía uma polpa redondinha, suculenta, com um gosto suave... ou mesmo aquela espécie de maracujá tão doce e tão diferente do nosso maracujá comum... Cada fruta provada mostrava algo diferente, muitas vezes, difícil de imaginar somente olhando por fora.
Dentro de mim, uma salada de frutas de sensações, de
descobertas, de alegrias que aquele momento proporcionou – como acontece na
infância. Foi uma experiência divertida e gostosa, que me fez ir além de novos
sabores, mas, também, permitiu conhecer outras histórias e pessoas... A essa
hora eu já conhecia, também, a família do vendedor pelas fotos que me mostrou
no celular e algumas de suas vivências e objetivos de vida.
Dizem por aí que a natureza ensina. E, nesse dia, ela fez
questão de lembrar que nem tudo é o que aparenta e está por fora, mas que, no
interior, podemos encontrar agradáveis surpresas, o que, sabe-se bem, não
vale só para as frutas, mas para as nossas vivências e relações.
Um recorte de tempo do presente que permitiu voltar à
infância, transformar aquela ocasião em uma deliciosa brincadeira e, até mesmo,
dar sentido a uma curiosidade que se manteve com o passar dos anos – mesmo que
inconsciente. Uma experiência que deixou a percepção mais importante: levar
consigo sempre os olhos atentos e curiosos de uma criança. Por onde for.
👏👏👏
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