2020: o ano de menos viagens pelo mundo e mais viagens internas
2020 foi o ano em que a pandemia nos fez parar, ficar em casa, nos distanciar das pessoas fisicamente, adiar ou até mesmo cancelar nossos planos de viagem, olhar pra dentro, nos deparar com aspectos nossos que até então desconhecíamos, aprender a viver e a conviver de uma nova maneira, adotar novos hábitos no nosso dia a dia e começar a tentar viajar de uma forma diferente, com cuidados redobrados – quem se encorajou para tal.
Na última virada, mal imaginávamos o que 2020 nos reservaria.
O isolamento imposto pela pandemia, diante da necessidade de evitar a
disseminação do coronavírus, aflorou os mais diversos sentimentos nas pessoas – ansiedade, medos, dúvidas. A pandemia trouxe estados de sofrimento
não só para aqueles que perderam familiares para o vírus, mas também para quem foi
obrigado a encontrar-se consigo mesmo e a conviver com suas dores, temores e
inseguranças.
No momento em que não tínhamos para onde ir, não tínhamos
possibilidades externas de fuga – o que é muito comum quando temos disponíveis festas,
passeios, viagens, entre outros – o nosso único destino foi se voltar para
dentro. E que viagem difícil essa! Já escrevi sobre isso em alguns posts
anteriores e você pode conferir clicando aqui. É difícil, pois viajar para
dentro nos faz deparar com as nossas sombras, com as feridas internas que carregamos,
nos coloca diante de nossos conflitos internos.
A pandemia trouxe ansiedade, insegurança pelo medo do
desconhecido, fez aflorar nas pessoas sentimentos de carência afetiva ao fazer
com que deixassem o convívio social – o que é de importância vital para o ser
humano, já que somos seres sociais. Uma das nossas necessidades enquanto seres
humanos é nos conectarmos com outras pessoas e, nessas relações e conexões,
crescemos, nos transformamos. Entretanto, para que as relações sejam saudáveis
e positivas precisamos, em primeiro lugar, estar bem com a gente mesmo – e quem
sabe este foi o grande aprendizado deste ano.
Um ano que nos obrigou a pegar essa estrada tão difícil que
é viajar para dentro de si, mergulhar em nosso mundo interno. E essa estrada
cheia de curvas e dificuldades nos deu possibilidades de ressignificar pensamentos,
situações, relações. Sei que muitas pessoas não concordam com essa visão, que
consideram até muito romantizada, diante de tantos sofrimentos mais palpáveis
como o desemprego gerado pela pandemia, a falta de alimentação vivida por
muitas famílias vulneráveis – e isso eu vivenciei muito de perto também, já que
trabalho com um público vulnerável e que foi afetado gravemente pelas
consequências da pandemia. Cada um tem o direito de ter a sua visão para cada
situação e respeito isso.
Realmente, muitas vezes, é difícil falar sobre situações
mais subjetivas e, nesse sentido, sobre o sofrimento do outro. Pois, como diz
Lya Luft, “da minha dor, sei eu”. É
difícil entender a dor do outro, cada um sente a sua maneira: alguns com mais
intensidade, outros menos. O que te faz sofrer, eu posso levar de boa, e vice e
versa, tudo vai depender das vivências, da capacidade de lidar com aquilo,
dos recursos internos que a pessoa possui.
Este ano, a pandemia afetou a todos nós. Mesmo para quem tem
uma vida considerada equilibrada, é difícil compreender que possa ter passado
por tudo isso ileso. Percebo que a pandemia nos trouxe um momento para
aproveitar para olhar para dentro e transformar o que precisava ser
transformado dentro de si, evoluir. Para nos tornar melhores, em um mundo melhor.
Muito mais que um momento de prevenção, essa parada levou à
reflexão sobre nós mesmos e sobre as nossas próprias atitudes. Começamos a
perceber a natureza se regenerando, as pessoas encontrando formas virtuais de manter a proximidade umas das outras, buscando
diferentes maneiras de demonstrar carinho e amor, mesmo com todas as barreiras
físicas. Percebemos o quanto as pessoas são criativas e pensam alternativas
para o bem, começamos a ver muita inovação no dia a dia, no trabalho, na área
do lazer e do turismo também (e um pouco sobre isso falei neste outro post).
É 2020... você não foi nada fácil! Mas em meio a todo esse
caos, os aprendizados foram profundos – e tenho certeza, serão duradouros
também. Hoje, agradeço por cada um deles, pois percebo o quanto me deixaram
mais forte – e é assim que me sinto no final deste ano! Agradeço por todo
crescimento, por me tornar mais consciente daquilo que quero e acredito e,
principalmente, por ter chegado ao final de 2020 com saúde e muito amor no
coração!
Que em 2021, cada vez mais, as pessoas percebam a
importância de viajar para dentro, se fortalecer e crescer! Que venha a vacina
e que possamos voltar a fazer nossas viagens externas – mais inteiros, mais
responsáveis, melhores!
O que eu desejo para 2021? Muitas flores em nossos caminhos! |
👏👏👏🙏
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