De Miami a Paris: Os aromas que marcam cada lugar



O post de hoje traz uma narrativa que escrevi em maio de 2017, a partir de sentimentos e lembranças de um acontecimento em uma viagem aos Estados Unidos. Um pouco diferente do que você está acostumado a encontrar por aqui. Então, me conta nos comentários o que achou, tá certo?


DE MIAMI A PARIS...

"Ela era adolescente, apaixonada pelos mais variados aromas. Perfumes lhe transportavam para outros lugares, outros momentos, quem sabe, até outras vidas...

Em sua primeira viagem sozinha – ela ganhara essa viagem de seus pais, como presente de 15 anos – estava em uma galeria em Miami, nos Estados Unidos, quando uma perfumaria lhe chamou a atenção.

Sem pensar em nada mais, disse para suas companheiras de viagem: - Vou ali, me chamem assim que o ônibus chegar para partir.

Entrando na perfumaria, foi como se tivesse, em um piscar de olhos, ido de Miami a Paris... Fragrâncias jamais sentidas, que inspiravam amor, alegria, cor... Andou por plantações de lavanda, em meio a parreirais de uva, passou por muito verde, pisou na terra, sentiu a brisa do verão...

Envolvida pelos aromas, passou por muitas histórias, lugares, estações... Aliás, não viu o tempo passar... Saiu de lá, com contentamento, levando consigo fragrâncias que lhe inspiravam diferentes sensações.

Pôs os pés fora da loja... E então, foi como se anoitecesse e o aroma, agora, se assemelhava a chorume... aquelas paisagens anteriores deram lugar à realidade: um corredor quase vazio, com alguns senhores sentados em longas cadeiras... outras, vazias... as pessoas conhecidas não estavam mais lá. Enquanto viajava para outro mundo, o ônibus chegou... e partiu... e ninguém lhe avisou.

Na inocência de sua pouca idade, o horror de estar só, em um país em que nem bem sabia falar o idioma. Saindo dos encantadores aromas primaveris, um inverno tomou conta de si. Era como se fosse, apenas ela, agora pequena, em um lugar desconhecido. Caminhando pela galeria, em direção a alguma saída, se viu apenas com um instinto: Sozinha, num país distante, teria que vender seu corpo para sobreviver? Já tinha os perfumes.

Tomada por uma tristeza que não parecia ter fim, saiu da galeria... O sol bateu no rosto, lembrou que era verão, encontrou a salvação – um outro grupo que faria o mesmo roteiro que o seu. No meio do caminho, o reencontro – a guia e uma colega retornavam para buscá-la. O fim de todos aqueles devaneios e sofrimentos que, em sua mente, se confundiam a uma possibilidade futura.

Com os perfumes intactos, continuou conhecendo Miami".



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