Freud Museum London: Um passeio pela vida e obra do pai da Psicanálise


Desde que Londres entrou em meu roteiro de viagem pela Europa, eu estava ansiosa pela visita ao museu dedicado a Freud. Acredito que a maioria das pessoas com uma viagem marcada a Londres sente essa mesma sensação pela espera em conhecer a Tower Bridge ou a London Eye, por exemplo. Já eu não via a hora de conhecer a residência em que o pai da psicanálise morou.

Uma das razões, claro, está relacionada à importante contribuição dos seus estudos para a minha profissão, já que sou psicóloga. Mas a expectativa em conhecer de perto um pouco mais do que foi a sua vida, estar dentro de um lugar onde Freud passou os seus dias, me deixava eufórica.

O Freud Museum London está localizado na casa em que Freud viveu o seu último ano de vida e conta sobre a sua trajetória, vida e trabalho e possui diversos pertences, livros e objetos utilizados por ele e sua família. No mundo, existem três museus dedicados a Freud: um deles em Pribor, República Tcheca, na residência onde ele nasceu; outro em Viena, na Áustria, na casa em que ele viveu a maior parte de sua vida; e, por fim, em Londres, na residência em que ele viveu o seu último ano de vida.

Freud Museum London




MAS, AFINAL, QUEM ERA FREUD?

Sigmund Freud foi um médico neurologista e pesquisador, cuja maior contribuição está relacionada ao desenvolvimento da Psicanálise, teoria que estuda os processos inconscientes da mente. A abordagem psicanalítica foi utilizada por Freud para o tratamento de psicopatologias, a partir da escuta do paciente, por meio de técnicas que objetivavam o acesso ao inconsciente como a interpretação de sonhos e a associação livre (encorajando o paciente a dizer tudo o que viesse à mente). Com essa abordagem, Freud alcançou a cura de muitos dos seus pacientes.

Os seus estudos possuem grande importância na compreensão do comportamento humano e no desenvolvimento da ciência psicológica. A técnica psicanalítica é utilizada, até os dias de hoje, como uma modalidade de atendimento terapêutico por diversos profissionais que realizam formação específica na área, como uma forma de orientar o seu trabalho.

Dentre as principais obras publicadas por Freud, estão: A interpretação dos sonhos (1899), A psicopatologia da vida cotidiana (1901), Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905), O mal-estar na civilização (1929), entre outras.

Sigmund Freud


Sigmund Freud viveu a maior parte de sua vida em Viena, na Áustria. Foi lá que ele cresceu, já que saiu ainda muito pequeno, aos 4 anos de idade, com a sua família de Freiberg, na Moravia, cidade onde nasceu (1856), atualmente Pribor, República Checa. Em Viena, Freud desenvolveu o seu estudo acerca da teoria e técnica psicanalítica. 

Em 1938, teve que mudar para Londres, na Inglaterra, devido sofrer perseguição nazista. O mobiliário utilizado por Freud, em Viena, incluindo o divã utilizado em seus atendimentos, foi levado para Londres, onde ele ainda atendeu alguns pacientes. Na casa onde hoje é o museu, Freud residiu com a família até o seu falecimento, em 1939.



COMO CHEGAR NO FREUD MUSEUM LONDON?

Se você estiver utilizando o metrô, é só pegar as linhas Metropolitan (roxa) ou Jubilee (cinza) e descer na estação Finchley Road. Se for utilizar ônibus, as linhas 13, 113, 187, 168 e C11 param na mesma estação.

A partir daí, o museu está localizado a uma caminhada de aproximadamente 7 minutos. Um trajeto que vale a pena ser percorrido com calma, já que a região é muito bonita e você vai poder apreciar os detalhes e o charme das construções e das ruas da vizinhança.

Algumas construções no trajeto até o Freud Museum

O Freud Museum London está localizado em: 20 Maresfield Gardens, London NW3 5SX.

Mapa do trajeto, feito com o Google Maps, desde a estação Finchley Road até o Freud Museum




COMO É A VISITA AO MUSEU?

Ao chegar no número 20 de Maresfield Gardens, você vai avistar uma bela e grande casa, identificada como o Freud Museum London. Sim, foi ali que Freud viveu seu último ano de vida. Em uma fala, Freud expressou que aquela casa era muito grande, em comparação à residência em que a família morava em Viena, transparecendo não se sentir tão confortável com a mudança. Bom, a sensação é justificada pelos motivos que o fizeram ir para Londres. Apesar disso, Freud viveu bons momentos por ali e você pode descobrir tudo isso em um passeio pelo interior da residência. Vamos entrar? 

As placas azuis são colocadas nas casas de grandes personalidades do mundo que moraram em Londres e faleceram há, no mínimo, 20 anos


Logo ao entrar no museu, você é encaminhado para a compra dos tickets para a visitação. A taxa de visitação para adultos é de £9.00 (libras) e há disponibilidade de audioguia em várias línguas, inclusive em português brasileiro, por £2.00 (libras).

Vale a pena fazer a visita com a utilização do audioguia, o qual fornece informações detalhadas sobre diversos aspectos da vida de Freud e de sua família, além de explicar sobre os objetos existentes em cada um dos cômodos por onde você vai passar. O mais interessante é que, com o audioguia, em determinados momentos, há passagens com gravações na própria voz de Freud, que em seguida, são traduzidas. Isso dá uma sensação de maior proximidade com o psicanalista.

No hall de entrada, uma cômoda chama a atenção, com alguns dos pertences de Freud, o paletó e os sapatos por ele utilizados, além de óculos, aliança, caneta e alguns blocos com anotações realizadas por ele, os quais são preservados ali e podem ser observados pelos visitantes. Cada detalhe emociona.

Alguns objetos pessoais utilizados por Freud


Em seguida, você entra no gabinete – o momento mais esperado por quem visita o museu, pois é ali que está o famoso divã que Freud utilizou para análise de muitos de seus pacientes em Viena e que, posteriormente, foi levado para Londres, onde ele deu continuidade ao seu trabalho.

O divã é a peça do mobiliário mais esperada para ser vista pelos visitantes


Na mesma sala, estão mantidos outros objetos de trabalho, uma biblioteca com os livros preferidos do pesquisador, a escrivaninha com muitas peças antigas e lembranças que Freud trazia de suas viagens, além de outros objetos que ele adquiria em antiquários. Freud tinha uma paixão por colecionar objetos antigos. O local foi mantido de maneira fiel ao que Freud utilizava e tinha preferência.

 
Sala com os objetos de trabalho de Sigmund Freud


Na visita, é possível observar alguns detalhes que levaram Freud a estudar as suas teorias. O áudio vai mostrando as relações entre muitos dos objetos que estão ali com os pensamentos e as ideias dele. É impressionante!

O passeio pelos cômodos do museu me despertou sensações únicas, especialmente, ao me deparar com objetos relacionados a assuntos que estudei em minha formação. Um exemplo foi quando pude observar os quadros com pinturas do paciente Sergei Pankejeff, conhecido como o Homem dos Lobos. Depois de estudar o caso em teoria, ver ali, materializada em minha frente uma pintura representativa dos sonhos recorrentes de Sergei, feita pelo próprio paciente, foi algo que realmente me comoveu.

Algumas fotos da família de Freud e o genograma familiar pintado na parede, à esquerda. À direita, os quadros com pinturas feitas pelo paciente de Freud conhecido como o Homem dos Lobos.


O museu ainda conta com uma sala dedicada à Anna Freud, filha do Freud, que morou na residência por mais de 40 anos depois da morte do pai. Anna seguiu desenvolvendo seu trabalho sobre psicanálise com crianças no local.

O local sedia palestras, conferências, seminários, exposições de arte contemporânea, entre outros eventos. A programação pode ser conferida no site do museu. No fim da visita, volte à lojinha de souvenirs, há muitas lembranças, livros e objetos com um toque bem humorado sobre o pai da psicanálise.

O Freud Museum London proporciona não apenas uma visitação a aspectos profissionais relacionados a Sigmund Freud, mas permite se aproximar da vida, da história familiar, conhecer detalhes pessoais, gostos e sentimentos do teórico. É um local que possibilita um encontro com uma outra parte da vida de Freud, que, muitas vezes, não é vista nos cursos de formação. Para quem é estudante ou profissional da área, é uma visita imperdível e fascinante, e para quem tem apenas curiosidade em conhecer, é uma experiência muito interessante.

Comentários

  1. Que legal! Deve ser muito interessante conhecer o lugar que tanto ouviu falar na tua profissão! 😍

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    1. Sim, foi muito emocionante, Fran. Obrigada pela passadinha aqui bo blog! 😘

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