Paraty: Um tour de jipe por cachoeiras e alambiques

Para quem pensa em Paraty somente como um destino de praia, não se engane! A cidade possui uma diversidade de atrativos naturais, históricos e culturais, sendo uma ótima opção em qualquer estação do ano – inclusive no frio, já que ela está localizada pertinho da Serra do Mar e abriga parte do Parque Nacional da Serra da Bocaina. Pela sua localização, é considerada um destino de aventura e montanha e possui hospedagens que dispõem de lareira e fogão à lenha, oferecendo um clima aconchegante ao visitante.

Durante todo o ano, a cidade sedia diversos eventos. O mais importante deles, a Flip – Festa Literária Internacional, ocorre no mês de julho, atraindo visitantes do mundo todo. Este ano a Flip acontece no período entre 25 e 29 de julho.

Uma forma bem divertida de explorar o lado natural da cidade, que vai além das praias, é fazer o Jeep Tour. Esses passeios podem ser contratados em agências ou diretamente com os jipeiros que ficam em torno da Praça da Matriz, no Centro Histórico.

Cachoeira da Pedra Branca

Fiz um passeio contratado com a agência Paraty Tours e recomendo. Foi muito legal! No início, pensei que pudesse ficar cansativo, pela quantidade de atrativos a serem visitados, mas, no fim do dia, era unânime entre o grupo a percepção de que havia pique para ainda mais – acredito que tenha sido o efeito das cachaças rsrsrs.

A primeira parada do passeio foi no Forte Defensor Perpétuo, situado no Morro do Forte. Construído em 1822 para a defesa da cidade de Paraty, que teve seu primeiro povoado localizado naquele local, o forte leva esse nome em homenagem a Dom Pedro I, conhecido como Defensor Perpétuo do Brasil. Em 1957, a construção foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.

Uma das vistas do Centro Histórico de Paraty, a partir do Morro do Forte

O Forte abriga um museu com peças oriundas de fazendas da região de Paraty-Mirim

A parada seguinte foi na Cachoeira da Pedra Branca. Logo na chegada, pequenos saguis recepcionavam quem estivesse chegando ao local. Após uma trilha leve, a paisagem revelava as belezas da cachoeira, rodeada por plantas nativas e flores e as ruínas de uma antiga usina de força. Seguindo o percurso das águas da cachoeira, um poço convidava a se refrescar em um banho nas águas geladas. Não, eu não tive coragem!

Cachoeira da Pedra Branca

Antiga usina de força da cidade

Pertinho dali, o próximo ponto de visitação foi o Alambique Pedras Brancas. Um tour por suas dependências permitiu conhecer o processo de fabricação da cachaça, desde o plantio da cana de açúcar até a comercialização da bebida. E, no final, a tão esperada hora: a degustação. Cachaça pura, ouro, prata e bronze, a Gabriela – cachaça típica de Paraty feita, claro, com cravo e canela e criada em homenagem à personagem de Jorge Amado, já que parte do filme original foi gravado em Paraty. Passando, então, à degustação dos licores com seus aromas e sabores doces, frutados, cítricos... capim-limão, cipó-cravo...

Momento para degustar as cachaças do alambique

Eita, que tem bebida boa em Paraty! Difícil não querer experimentar todas elas. Há algum tempo, eu já havia desistido de levar bebidas como lembrança das minhas viagens, devido a tantas decepções quando chegava em casa, mas depois de provar as dos alambiques de Paraty, não pude deixar de rever essa decisão.

Um pouco mais alegre, de posse das garrafas escolhidas para levar para casa e com muita fome – Ô bebidinha boa, também, para abrir o apetite! – o próximo ponto de parada foi no Restaurante Villa Verde. Em meio à natureza, o restaurante possui um clima de tranquilidade e a comida é uma delícia. A especialidade da casa são as massas caseiras, mas há outras opções no cardápio.

Enquanto os pedidos não chegavam às mesas, que estavam reunidas favorecendo a aproximação, o momento era de conhecer um pouco sobre cada um que ali estava, trocar dicas de viagem, falar sobre sonhos, o gosto por viagens, perceber as identificações... As horas passaram voando! Quando percebi, não havia mais tempo para explorar os arredores do restaurante... Mas o que é mais importante em uma viagem senão essa troca de experiências?

Dali, a parada seguinte reunia as últimas atrações: o marco inicial do Caminho do Ouro, a Igreja de Nossa Senhora da Penha e, percorrendo uma pequena trilha, a Cachoeira da Penha, também conhecida como Cachoeira do Escorrega ou do Tobogã. Os mais corajosos se aventuraram a escorregar em uma grande pedra, que terminava em um poço para mergulho. E um pouco mais adiante, outro ponto para se refrescar: o Poço do Tarzan, uma pequena cachoeira com uma piscina natural.

Igreja Nossa Senhora da Penha marca o início do Caminho do Ouro, rota que pode ser percorrida com acompanhamento de um guia credenciado

Ponte suspensa e, ao fundo, o Poço do Tarzan

Depois de muita diversão, o Alambique Engenho d´Ouro marcou o ponto final de nosso tour, onde mais uma degustação de cachaça, aguardentes e licores esperava. Que delícia! Mais uma provinha da Gabriela, da Caramelada, das cachaças premiadas, dos licores que davam o sabor doce ao fim do nosso passeio.

Degustação no Alambique Engenho d´Ouro

E você sabia que tem um jeitinho para beber a cachaça? A fim de evitar aquele gosto forte que provoca o fechar dos olhos e aquela sensação de descer queimando, você tem que colocar um pouco da cachaça na boca e mantê-la fechada, procurando não deixar entrar ar – a mistura com o oxigênio é o que causa aquela sensação desagradável – e deixar o líquido ali por um tempo, misturando à saliva. Depois disso, sim, pode engolir. Assim, você consegue degustar a bebida e sentir o seu verdadeiro sabor, podendo apreciá-la, sem cara feia, rsrsrs. Quando se aprende a beber, fica muito mais gostoso!

Foi um passeio incrível, conduzido por uma ótima guia, movido a boas doses de aventura e cachaça... Aprendendo a apreciar novos aromas e sabores, conhecendo novas pessoas e fazendo amizades, as quais, quem sabe, ainda encontrarei por aí, pelas diferentes regiões do Brasil ou algum lugar do mundo.

Grupo que fez parte do Jeep Tour