Vale a pena conhecer os dois lados das Cataratas do Iguaçu? A experiência nos lados brasileiro e argentino
Eu gosto de escrever textos que estejam dentro das
curiosidades ou perguntas que as pessoas me fazem sobre algum lugar que conheci.
E quando eu retornei de minha viagem a Foz do Iguaçu, um dos questionamentos
que algumas pessoas me faziam era se vale mesmo a pena conhecer os dois lados
das Cataratas – se além do brasileiro, que normalmente é o motivo principal da
viagem a Foz, vale a pena também visitar o argentino.
Os Parques Nacionais Iguaçu e Iguazú estão localizados na
fronteira entre Brasil e Argentina em uma área de aproximadamente 225 mil
hectares, cortada pelo Rio Iguaçu. Abriga uma rica biodiversidade, sendo um
local de conservação da Mata Atlântica. Possui o maior conjunto de quedas
d´água em volume do mundo. O número de quedas d´água varia ao longo do ano,
dependendo da estação, chegando a 275 quedas nos meses mais chuvosos e, no mínimo,
150 nos meses mais secos, com alturas entre 60 e 82 metros. Em cada época do
ano, a paisagem muda completamente de acordo com essa variação.
Vista das Cataratas do Parque Nacional Iguaçu em Foz do Iguaçu, Paraná
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Vista de um dos mirantes do Parque Nacional Iguazú em Puerto Iguazú, Missiones, Argentina |
As Cataratas do Iguaçu são reconhecidas como Patrimônio Natural
da Humanidade desde 1986 e foram declaradas uma das Sete Novas Maravilhas
Naturais do Mundo em votação realizada no ano de 2011. Em guarani, Iguaçu ou Iguazú significa "grandes águas".
Cada um dos parques permite a contemplação de ângulos
distintos das quedas d´água. E não só isso, eles possuem algumas
características peculiares que são percebidas ao percorrer as trilhas. Enquanto
o parque brasileiro possui uma grande trilha, em sua maior parte, na encosta
da vegetação, finalizando com uma passarela em que se pode chegar próximo das quedas
d´água, o parque argentino possui quatro trilhas a serem percorridas, com
trajetos em meio à vegetação e percursos realizados por passarelas que se
sobrepõem às águas do Rio Iguaçu e algumas quedas d´água.
Vista a partir da trilha no Parque Nacional Iguaçu, Brasil, com a vista da passarela sobre o Rio Iguaçu
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Passarela sobre o Rio Iguaçu no Parque Nacional Iguazú, Argentina
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A última trilha do parque argentino dá acesso ao mais alto conjunto
de quedas do Parque, chamado Garganta do Diabo. Chega a ser assustador, pois
você fica acima de um volume muito grande de água e de quedas com uma pressão
muito forte. Por vezes, não se tem uma visão muito distante, pois a força das águas transforma todo o cenário em uma névoa branca.
Também, no lado argentino, há uma trilha que pode ser
realizada na Ilha San Martín, com acesso somente por meio de transporte
aquático. Na época que realizei a visita, essa trilha estava fechada, devido ao
grande aumento no volume de água que impedia o acesso à mesma.
A vazão normal das cataratas é de 1500 metros cúbicos por
segundo. E, com o intenso período de chuvas que antecedeu a minha viagem
(novembro de 2017), esse volume aumentou para 4400 metros cúbicos por segundo.
Por esse motivo, também, ocorre a mudança nas cores das águas, que ficam mais terrosas.
As águas terrosas bem próximas da passarela no parque argentino |
Os dois parques oferecem passeios de bote pelo Rio Iguaçu
que chegam bem próximo das quedas d´água. Realizei o Macuco Safari no lado
brasileiro e foi uma experiência incrível. É uma aventura que oferece outra
visão das cataratas e permite sentir de perto o poder da natureza. A sensação é contagiante! É como se estivesse lavando a alma. Você, com certeza, vai
terminar essa experiência renovado! O passeio não está incluso no valor da
entrada e pode ser contratado na bilheteria, no Centro de Visitantes.
Vista das Cataratas do Iguaçu no passeio Macuco Safari
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Depois de alguns banhos nas águas das Cataratas do Iguaçu |
No parque, há armários
para deixar as suas roupas e pertences ao custo de 10 reais (compra da chave), enquanto faz o Macuco Safari. Você
pode levar uma muda de roupa para trocar depois dessa aventura, pois vai sair
completamente encharcado. Vi muitas pessoas que levaram roupa de banho para
usar durante o passeio e achei uma boa ideia. Se estiver calor, sugiro uma
roupa fácil de secar – foi o que fiz, pois durante o percurso nas trilhas a sua
roupa vai acabar secando. E, dependendo da estação do ano e do volume das
quedas d´água, você continuará se
molhando bastante em outros pontos e mirantes.
No lado argentino, há um passeio semelhante que é chamado Great
Adventure, mas optei por não realizar, por já ter feito o lado brasileiro. Há
quem diga que o passeio do lado argentino é mais eletrizante, por chegar próximo
das quedas da Garganta do Diabo. Se você já experimentou, me conta aqui o que
achou.
Paisagens no lado argentino |
Achei os dois parques bem organizados – ainda que o lado
brasileiro tenha me parecido ainda mais organizado e seguro que o argentino, dispondo de
diversos pontos para informações e mais monitores pelo parque – e com uma ótima
infraestrutura. Os dois locais contam com opções de restaurantes, lancherias,
lojas de lembranças, posto de saúde, etc. O parque brasileiro possui transporte
interno em ônibus que vai parando nos pontos de interesse. E, do lado
argentino, o transporte é feito por meio de um trem que leva até as estações
que dão acesso às trilhas.
Chegando ao final da trilha no parque brasileiro |
Do lado brasileiro, almoçamos no restaurante Porto Canoas,
que além de servir uma comida deliciosa, tem a vista incrível do Rio Iguaçú e do
mirante do lado argentino do parque, o que aguçou ainda mais a curiosidade em
conhecê-lo. Do lado argentino, almoçamos no restaurante El Fortín e também
gostei bastante. Os dois restaurantes servem buffet livre.
É importante salientar que o ingresso para a entrada no
parque argentino só pode ser pago em pesos argentinos. O valor do ingresso saiu
400 pesos por pessoa e o estacionamento 100 pesos. Nós fizemos a reserva do
almoço antecipadamente no próprio hotel em que estávamos hospedados em Foz, que
saiu 120 reais o casal, não inclusas as bebidas. No parque brasileiro, utilizamos o Passaporte 3 Maravilhas, comprado antecipadamente, e aproveitamos o desconto para o almoço no restaurante.
Há, ainda, outras atividades que podem ser realizadas nos
parques como rafting, canoagem, safari, entre outros, que podem ser contratados
nos Centros de Visitantes.
E se você quiser aproveitar a experiência de uma forma ainda
mais intensa, pode ficar hospedado nos hotéis que estão dentro de cada um dos
parques. Do lado brasileiro, o Belmond Hotel das Cataratas, que foi eleito o melhor 5
estrelas do Brasil (2017) pelo segundo ano consecutivo, está a alguns passos de
avistar as quedas d´água. No lado argentino, o Meliá Iguazú (antigo Sheraton Resort & Spa) possui
todos os quartos com vista para as quedas d´água. Esses são os únicos hotéis
que ficam dentro dos parques.
Já pensou poder acordar com uma vista dessas? Bom, não foi o meu caso... rsrsrsrs |
Cada um dos parques tem as suas particularidades e você vai
perceber essa diferença quando estiver lá, percorrendo as trilhas, avistando as
quedas nos mirantes, sentindo a vibração do ambiente e a energia que as quedas
d´água transmitem a quem passa por lá. Cada ângulo das
Cataratas é único e em cada cantinho você encontrará um encanto diferente. Conhecendo os dois lados, você conseguirá ter ideia da dimensão e grandeza que é todo o conjunto das Cataratas.
Uma sensação incrível em cada canto do Parque Iguaçu, Brasil
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Uma surpresa na espera do trem no Parque Iguazú, Argentina |
E então, será que vale a pena deixar de conhecer algum dos lados das Cataratas?
Visitei o parque do lado brasileiro, queria ter conhecido o lado argentino, mas faltou tempo. Nossa viagem foi de passagem. No dia que fomos choveu e nossa paisagem também ficou meio "chocolate", mas nada que fizesse o passeio perder a sua beleza, pois esta é indiscutível. O lugar realmente eh incrível!
ResponderExcluirO legal é isso: a cada nova visita ao parque, podemos encontrar uma paisagem totalmente diferente. Quando puderem voltar, façam a visita no lado argentino, pois vale muito a pena! Beijos.
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