Caminho das Artes em Morro Reuter

Um roteiro que alia arte, cultura e momentos lúdicos em meio à natureza. O Caminho das Artes, localizado em Morro Reuter, a aproximadamente 60 km de Porto Alegre, reúne diversos ateliês de arte e antiquários e é uma boa pedida para um bate e volta a partir da capital.

Fiz esse passeio com uma amiga, saindo em um sábado pela manhã. A maior parte dos ateliês abre ao público somente aos finais de semana, sem agendamento e, alguns deles, funcionam somente à tarde, então, você não precisa sair muito cedo. Os ateliês estão localizados, em sua maioria, na RS-873, estrada que vai para Santa Maria do Herval.

Iniciamos a nossa rota pelo Ateliê Edelweiss. Fomos atendidas pela proprietária, a Sra. Lenira, que nos mostrou as suas obras, feitas em madeira, terracota e pedra grês. No seu ateliê, há uma variedade de peças antigas à venda também. Um local tranquilo, com um deck para sentar e apreciar a vista belíssima da cidade e da natureza. Quando estávamos saindo do ateliê, a Sra. Lenira ainda nos presenteou com uma mini maçã. Achei muito fofa a gentileza.

A vista dos morros e vales, a partir do Ateliê Edelweiss

Antiquário no Ateliê Edelweiss

Logo depois, partimos para o almoço. Escolhemos o restaurante El Paradiso, que serve culinária alemã e italiana. O buffet é bem variado, com rodízio de carnes e deliciosas sobremesas. E para minha surpresa, ao pedir um chá, a garçonete me trouxe uma cesta com ervas naturais para escolher. Que aroma delicioso daquelas folhas! E ainda veio servido em um bule floral. Uma delicadeza! Pequenos detalhes que fazem a diferença.

O local onde fica o restaurante é amplo e agradável, com muito verde e uma linda vista da natureza. Lá, ainda tem um gatil com criação de gatos de raça e uma Kombi-loja com produtos de arte e eco-design da artista Débora Sarmento.

O Gatil de Alles possui criação de gatos de raça

Depois de um passeio por lá, resolvemos conhecer a Igreja São José do Herval. Inaugurada em 1923, a igreja também é conhecida como Igreja de Pedra, por ter sido construída em basalto, rocha que é muito comum na região. No seu interior, o altar e púlpito foram esculpidos em madeira nobre, no entanto, neste dia a igreja estava fechada. Você pode pegar a chave no restaurante ao lado para conhecer a parte interna. Entretanto, o restaurante não estava funcionando. Ficamos sabendo que é aberto somente aos domingos.

Igreja de Pedra, na localidade de São José do Herval

Para continuar a nossa jornada pelo Caminho das Artes, seguimos até o Ateliê Flávio Scholles. O próprio artista nos atendeu. Muito querido e atencioso, ele contou a história de algumas de suas pinturas, mostrando as suas obras, que são reconhecidas mundialmente. Nelas, cores e traços que estimulam o pensar crítico. Muitas das obras do artista são uma representação da vida no Vale dos Sinos.

Uma selfie junto a algumas das obras do artista Flávio Scholles

Um cantinho do Ateliê Flávio Scholles com os materiais de trabalho do artista

O ateliê possui uma arquitetura diferenciada e é rodeado de muito verde. Um lugar calmo e agradável. Como o dia estava lindo, ensolarado, não resistimos e nos atiramos no gramado para lagartear um pouco (aqui no sul do Brasil, nós utilizamos a gíria lagartear para se referir ao ato de sentar ou deitar ao sol, com a intenção de aquecer o corpo).

A arrojada arquitetura do Ateliê Flávio Scholles

Saindo dali, fomos ao ateliê da artista Cláudia Sperb, chamado “Parque de Mosaicos Caminho das Serpentes Encantadas”. Com diversos murais e objetos feitos com mosaicos coloridos, é um ótimo lugar para levar as crianças, ou voltar a ser criança. Há diversas atividades interativas, brincadeiras, um espaço infantil com amarelinha, escorregador, balanço, biblioteca, galeria de arte, entre outros.

Parte da fachada do ateliê da artista Cláudia Sperb

Objetos com aplicação de mosaicos fazem a alegria das crianças e dos adultos

Há detalhes com mosaicos em todos os cantinhos do parque

Deu para aproveitar até para brincar um pouco

O Parque de Mosaicos tem uma vista muito bonita para a cidade e fiquei louca para assistir o pôr do sol dali. A própria artista estava lá e nos deixou bastante à vontade para explorar cada cantinho do local. A entrada custou 15 reais por pessoa e crianças até 12 anos não pagam. O local também conta com serviço de pousada.

Arte e natureza se integram no Parque de Mosaicos

Para finalizar o nosso roteiro, fomos conhecer o Ateliê Anelise Bredow, que fica bem na entrada da cidade, no trecho de acesso a Morro Reuter. As peças em cerâmica são produzidas artesanalmente e, dessa forma, únicas. No entanto, o ateliê não impressionou como os anteriores, pois passou a ideia de um ponto bem comercial, já que conhecemos apenas a loja, diferentemente das experiências anteriores, que possibilitaram a interação com a arte e os artistas. Com agendamento prévio, pode ser realizada uma visitação guiada para grupos com a possibilidade de um maior intercâmbio com a técnica.

O ponto alto da viagem: ser atendida pelos próprios artistas na maior parte dos ateliês e poder conhecê-los, além de suas obras. Dentre tantas obras de arte, a simplicidade e sensibilidade de seus autores chamou a atenção.

Um roteiro que nos faz perceber que não é preciso muito para ser feliz. Digo isto, porque fiquei tão contente quando ganhei aquela mini maçã. Como fiquei encantada com aquela frutinha. E que me fez tão bem ao experimentá-la no final da tarde. E passar aquele tempo deitada na grama, como que “fotossintetizando”. Tem coisa melhor do que aproveitar os pequenos e simples momentos da vida?

Mini maçã oferecida pela Sra. Lenira no Ateliê Edelweiss

Pois esse é um passeio que permite vivenciar o que é simples, oportunizando experiências únicas e grandes aprendizados. Faz refletir sobre os momentos que trazem algum significado e sentido a nossa vida. E é isso o que realmente importa.